terça-feira, 28 de maio de 2013

CONTRA A ONDA

Quando eu era pré-adolescente, morei com Emília minha irmã mais velha na capital baiana lugar onde nasci, Amanda minha sobrinha havia acabado de nascer, morei cerca de dois anos e vez por outra nos finais de semana íamos a praia, gostávamos de ficar entre o Farol da Barra e a praia de Ondina, era local preferido por nós por causa da piscina natural que ali havia e com criança era muito comodo, até hoje tenho saudades deste tempo. Mas nem tudo era alegria, pois em se tratando de uma adolescência dá para imaginar o contexto em que nós vivíamos. Tinha um amor impossível, estudava relaxadamente, vivia mergulhado em dúvidas quanto a religião, não tinha ainda definido o que seria ou o que queria, e entre altos e baixos fazia coisas que me arrepia os cabelos até hoje, eu costumava entrar no mar e quando avistava um barco ancorado próximo a praia tinha que ir até ele, isso é muito comum para quem mora a beira mar, e as vezes os barcos estavam  a mais ou menos 300 metros de distância. Mas esta distância era apenas mais um estimulo aquilo era desafiador. Para um adulto nadar até o barco era fácil, mas para um adolescente franzino como eu era bastante perigoso principalmente a volta do barco, quando a maré muitas vezes estava vazante, e em uma destas "viagens" até os barcos eu cansei comecei a ficar aflito, gritei logo por socorro logo vieram as câimbras e quando eu estava perdendo o controle da coordenação motora  alguém me pegou pelas mãos, era uma rapaz que estava pescando de alçapão pelas imediações em um pequeno barco e voltando viu a minha aflição ele brincou dizendo que eu estava me afogando no raso, mas eu estava tremendo igual uma vara verde que nem respondi nada, cheguei a praia fui para junto de minha irmã uma amiga e minha sobrinha, de lá não sai até a hora de ir embora para casa, neste tempo minha irmã morava no bairro Fazenda Garcia e nunca soube que eu estive perto da morte aquele dia e eu jamais contaria se não ela não me levaria a praia novamente. Eu estou contando esta peripécia, para ilustrar uma verdade incontestável a vida não é um mar de rosas como algumas pessoas pensam, existem momentos de distração, existem momentos que corremos riscos estes provocados ou não. Depois quantas vezes somos desafiados a nadar contra a corrente, o mundo em uma direção e nós em outra! Temos um sonho que ninguém sonha, tem planos que ninguém ajuda em sua execução, temos objetivos que ninguém imagina ser real mas nós sabemos que é possível. E quando já sem forças sentimos uma mão poderosa segurando a nossa adestrando-a e nos conduzindo para terra firme, para um lugar seguro. Hoje eu sei quem enviou aquele rapaz, hoje eu sei quem cuidou de mim, hoje eu sei quem esteve comigo nos momentos de maior perigo e hoje eu sei quem sempre esteve me ajudando mesmo nos momentos mais difíceis e turbulentos da minha vida. Aquele que cuida dos seus filhos, e não somente cuida, mas sabe como cuidar. Esse é o Deus Eloim, criador de todas as coisas, Nosso pai. 
Vida e misericórdia me concedeste; e o teu cuidado guardou o meu espírito. (Jó 10. 12)


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